sábado, 6 de novembro de 2010

de olhos bem abertos

Ter insônia tem lá suas vantagens. Tudo bem que o seu sistema imunológico vai pras cucuias e que, no dia seguinte, você fica com um mau humor do cão, querendo socar o primeiro idiota que dirigir a palavra a você. Sem falar na propensão à obesidade, doenças cardiovasculares, envelhecimento precoce, perda de memória e olheiras do Willian Wack. No entanto, tirando esses pequenos desconfortos, a insônia pode ser legal.
O segredo é conseguir tirar proveito disso, o que não é uma tarefa fácil. Não ignorar que sofre desse mal já é um bom primeiro passo. Porém, a história aquela de contar carneirinhos, tomar chá de camomila e fazer uma refeição leve à noite, já adianto, não resolve. Até pode ajudar, mas não resolve. Ver televisão também não é uma boa alternativa, a menos que você tenha TV por assinatura ou goste de sessões do descarrego e jogos de adivinhar, apresentados por loiras burras estressadas que querem pagar de persuasivas.

Se esse não for o seu caso, como não é o meu, ainda assim não é preciso se desesperar (porque isso só irá agravar o problema da falta de sono). Existem algumas outras opções para tornar as horas solitárias da madrugada um pouco mais agradáveis.  Ler é uma delas. E o interessante dessa atividade é investir na leitura de coisas diferentes. Se você está habituado a ler revistas de economia e livros técnicos durante o dia, experimente, enquanto Morfeu não lhe estende os braços, folhear a Cult ou a piauí (entre outras) e romances da nossa literatura. Enveredar-se por esses inexplorados e distintos caminhos, e conseguir extrair deles novos conceitos e ideias, acaba por ressignificar essa motherfucker da insônia.

Por outro lado, se no Brasil está caro comprar revistas e livros, especialmente estes, a Internet vem a ser uma importante aliada. Com ela, é possível deleitar-se numa expressiva quantidade e qualidade de novos textos e músicas de jovens artistas.  Navegar pelos mares virtuais, ao contrário do que diz Fernando Pessoa, não é preciso. E isso não é ruim quando as horas silenciosas da madrugada parecem se arrastar pela eternidade. Andar sem bússola por essas águas sem fronteiras proporciona o contato e, mais do que isso, a incorporação de novas manifestações artísticas e culturais, das quais falarei detalhadamente em postagens futuras.

O Rivotril começa a fazer efeito.